A primeira forma de colaboração com a causa indígena é através da alteridade. Ter contato com a cultura indígena é o primeiro passo para entender outras formas de viver e enxergar o mundo e a partir da compreensão, cria-se um ambiente que propicia respeito as diferenças.
Nas palavras do Cacique Kayrrá, “o Brasil não foi descoberto, foi invadido”. Muito antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses, os indígenas já habitavam as terras deste país, construindo sua história e vivenciando sua cultura. Assim sendo, podemos considerar que a principal matriz cultural brasileira é indígena, grande pilar da interculturalidade, composta também pela relação com outros povos, como africanos e europeus. Preservar a história e costumes indígenas é manter vivo o processo de construção da identidade do povo brasileiro. Ainda hoje, vivemos diariamente influências indígenas em nossas vidas, como nas brincadeiras, alimentação, idioma etc.
É importante salientar que apesar do intenso aculturamento dos povos indígenas, ainda existem aldeias por todo o Brasil, bem como, indígenas que não residem na respectiva aldeia, mas optam por preservar o máximo possível dos costumes lá ensinados, como histórias, cantos, danças, idioma, pintura corporal e estilo de vida em geral. Portanto, a cultura indígena é uma realidade vigente no Brasil, mas pouco valorizada e divulgada.
Resgatar a cultura base da formação de um povo é propiciar um alicerce sólido para o desenvolvimento de um ser humano respeitador. A promoção da cultura popular em toda sua extensão e complexidade, nos campos das ideias, crenças, costumes, artes, linguagem e moral, reconhece e promove as formas legítimas de sentir, pensar e agir de um povo. Olhar para trás e reconhecer as origens é adquirir referências para continuar trilhando o caminho em busca de um futuro melhor. Assim, é possível construir um elo positivo entre o passado e o futuro e dar segmento e continuidade as culturas.
O Brasil possui rico patrimônio no campo da cultura popular, singular pela sua pluralidade, gerada pelo hibridismo racial, etnográfico, social e religioso. Pode-se ter ideia desta riqueza ao se constatar que apenas a população indígena brasileira possui mais de 300 etnias diferentes, ou seja, com costumes divergentes.
O Cacique Kayrrá acredita que a maior forma de amenizar o sofrimento atual deste povo, causado especialmente pelo preconceito da sociedade e descaso por parte do poder público, é o conhecimento e a interação com a cultura, por isso seu trabalho se pauta na divulgação da sua sabedoria nativa ao maior número de pessoas possível.